O agora ex-prefeito Frank Bi Garcia deixa a Prefeitura de Parintins como vitorioso. Ele entregou a faixa para Mateus Assayag, sucessor, com o carimbo de uma vitória expressiva nas urnas. A indagação é: O que fará a partir de agora? Há quem diga que está madura a parceria como candidato a vice, na chapa do senador Omar Aziz, ao Governo do Estado. O certo é que, com a esposa, Mayra Dias, concorrendo à reeleição de deputada estadual, ele não estará na briga direta por vaga na Assembleia Legislativa.
Nesta entrevista Bi Garcia, ele falou com o Portal do Marcos Santos, após deixar o cargo, traçando um balanço dos 16 anos de administração em Parintins, interrompidos apenas pelos quatro da gestão de Alexandre da Carbrás. Falou também sobre os planos futuros, os senadores Omar e Braga, governador Wilson Lima e prefeito Mateus. Veja, a seguir, a íntegra da entrevista:
Portal do Marcos Santos – Como é a sensação de ser ex-prefeito, depois de uma gestão carregada de tensão, em vários aspectos?
Frank Bi Garcia – Tenho uma certa experiência. Mas é um grande alívio poder passar o bastão para um político promissor, que é o caso do Mateus. Desejo que Parintins continue essa trajetória que nós iniciamos, com planejamento de longo prazo e contínua organização. “É um grande alívio poder passar o bastão para um político promissor, que é o caso do Mateus.”
pms.am – O senhor já tem planos para os próximos meses?
Frank Bi Garcia –Temos muito trabalho pela frente. Deixo um tempo disponível para Parintins e o Mateus, a qualquer hora do dia ou da noite, e vou tocar um pouco mais meus relacionamentos na capital e nos outros Municípios.
pms.am – Qual o balanço que o senhor faz desses 16 anos como prefeito de Parintins?
Frank Bi Garcia – Quebramos paradigmas e fizemos muito. Fui, com muita calma, criando parcerias e, dentro das possibilidades do orçamento, municipal, entregando escolas, postos de saúde e campos de futebol, grande parte iluminados, além de poços artesianos. Fizemos ginásios poliesportivos nas comunidades Santo Antonio do Tracajá, Zé Açu, Caburi, Vila Amazônia, Laguinho, Valéria e deixamos tudo pronto para o Mocambo. Caburi, Mocambo e Vila Amazônia ganharam Cidades da Criança. A Vila Amazônia terá o segundo ginásio poliesportivo. Quem não entende de Amazônia acha que os caboclos têm muita água, por causa dos rios, mas não sabe a dificuldade que é, para eles, conseguir água potável. Resolvemos isso com o programa Água no Jirau. Instalamos várias antenas de internet, da StarLink. No transporte, doamos caminhões e fizemos recuperação de estradas, com asfaltamento, em alguns casos, além de dar apoio técnico, no campo da agricultura e da pecuária. A gente, enfim, estruturou essas comunidades.
pms.am – Dizem que essa estruturação das comunidades rurais, onde há número expressivo dos eleitores de Parintins, é um segredo do seu sucesso político… Frank Bi Garcia – Não pensei nisso, em nenhum momento. Tomei como prática dividir o governo, em termos de investimento, com metade para a cidade e metade para a Zona Rural. A disparidade é enorme e muito injusta. Há uma comunidade, chamada Marajá, colada no Paurá, onde prefeito algum havia ido. Lá, eu construí escola e levei energia, com motor de luz potente, além de água potável, arruamento, campo de futebol e iluminação. É uma região montanhosa, muito bonita. Se todos pudessem se blindar trabalhando, o Brasil teria estradas, ferrovias e rodovias decentes. Faltou falar do esporte… “Tomei como prática dividir o governo, em termos de investimento, com metade para a cidade e metade para a Zona Rural. A disparidade é enorme e muito injusta.”
pms.am – Sim, o senhor deixa uma estrutura grande no esporte.
Bi Garcia – Quando você e sua geração do vôlei, que tinha o técnico Elias Moura, meu amigo, como líder, trouxeram a histórica medalha de bronze no voleibol dos Jogos Estudantis do Amazonas (JEAs), os “mergulhos” eram feitos com a barriga no cimento. Se chovia, não podiam treinar porque o piso molhado virava um perigo. Agora, todas as escolas de Parintins têm um ginásio coberto. Inclusive a maior da rede privada, que é o Colégio NS do Carmo, da Arquidiocese. A Escola Estadual Professor João Bosco vai iniciar, agora, o seu ginásio poliesportivo. Temos o mais moderno ginásio de esportes do Amazonas, a Arena Olímpica Rubem dos Santos, em homenagem a esse grande desportista que foi seu irmão. Já falei dos campos de futebol iluminados na Zona Rural e isso renderá frutos. Os caboclos trabalham o dia inteiro e quando voltam, para a tradicional pelada, já está escurecendo. Agora, grande parte deles dispõe de iluminação para praticar esse esporte que tanto amam. Espero que isso renda frutos. Não vamos esquecer que o maior artilheiro do Norte, ainda hoje, o Delmo, craque do São Raimundo, é parintinense da gema. “Todas as escolas de Parintins têm um ginásio coberto. Inclusive a maior da rede privada, que é o Colégio NS do Carmo.”
pms.am – Tem o Pedro Henrique, que disputou a Olimpíada de Parintins…
Frank Bi Garcia – Sim. Mas, antes, vamos lembrar que patrocinamos o Campeonato de Futebol da Liga de Parintins, criamos o Copão dos Bairros, com futebol de campo, futsal, futebol de areia, vôlei, futevôlei… Foi um grande movimento na cidade. Pedro Henrique, patrocinado pela Prefeitura desde os 14 anos, agora com 24 anos, se tornou o primeiro parintinense a disputar uma Olimpíada, em Paris/2024, no arremesso de dardo. A Arena Rubem dos Santos tem tabela da NBA, elétrica e hidráulica. Levamos o professor Aranha, muito conhecido em Manaus, que foi ministrar basquete na cidade. No esporte, a gente investiu pesado. “Pedro Henrique, patrocinado pela Prefeitura desde os 14 anos, agora com 24 anos, se tornou o primeiro parintinense a disputar uma Olimpíada, em Paris/2024, no arremesso de dardo.”
pms.am – Na última eleição, ano passado (2024), a vereadora Brenna Dianná, candidata adversária de Mateus Assayag, chegou a ter 57% das intenções de votos. Com o apoio do Governo do Estado, com secretários estaduais praticamente morando em Parintins, parecia impossível reverter essa diferença. Como o senhor explica a vitória de Mateus? Como foi o confronto com a máquina estadual?
Frank Bi Garcia – Você falou 57% para ela? Mas quando já! Quando o Mateus entrou, lá no bairro de Palmares, em fevereiro, passou à frente, com dois pontos. Depois, nunca mais ficou atrás. Nós levamos até o final. Mateus chegou a abrir 8% e, no finalzinho, caiu para 5% porque havia muito dinheiro do outro lado. A estratégia foi não publicar pesquisas porque nas minhas quatro eleições ganhei de goleada e o pessoal ficou mau acostumado. Agora a diferença era pequena. Foi duro, muito duro, mas ganhamos na cidade e no interior, com uma diferença de quase 3 mil votos, num colégio onde votaram 56 mil eleitores. “Você falou 57% para ela (Brenna Dianná)? Mas quando já! Quando o Mateus entrou, lá no bairro de Palmares, em fevereiro, passou à frente, com dois pontos. Depois, nunca mais ficou atrás.”
pms.am – Como o senhor avalia o governador Wilson Lima e o que aconteceu no episódio chamado de “o caso dos aloprados”, em Parintins?
Frank Bi Garcia – Isso são águas passadas. Os crimes que foram cometidos estão sendo apurados pela Justiça Federal, porque crime eleitoral é federal. Vamos aguardar que a Justiça se pronuncie.
pms.am – E o governador Wilson Lima?
Frank Bi Garcia – O governador cometeu alguns gestos de deselegância comigo, no ano passado, mas entendo que estávamos no calor da disputa. Eu não seria capaz de fazer algumas coisas que ele fez para vencer, mas isso tudo fica no âmbito da eleição. Terminou, terminou. Vamos para a próxima. Em política, a gente precisa viver o presente. O passado fica na memória e não pode ir para o fígado. “Terminou, terminou (a eleição). Vamos para a próxima. Em política, a gente precisa viver o presente. O passado fica na memória e não pode ir para o fígado.”
pms.am – O Festival de Parintins e questões como a Festa dos Visitantes, que nos últimos anos passou da Prefeitura para o Estado, estão entre essas “deselegâncias”?
Frank Bi Garcia – Como disse, são águas passadas. É importante destacar, porém, quanto ao Festival, que vivemos momentos marcantes. Quando o governador José Melo anunciou que o Estado não financiaria mais a festa, em 2016, os dois bois, Joilto (Azedo) presidente do Caprichoso e Adelson (Albuquerque) presidente do Garantido, tomaram a frente. O prefeito (Carbrás) mandou varrer o Bumbódromo e lavou as mãos. Como deputado estadual procurei ajudar. Em 2017, com Amazonino governador, de novo como prefeito, fiz o Festival com a metade dos recursos que eram repassados pelo Governo do Estado. O som do Bumbódromo era R$ 1,2 milhão e fiz por R$ 600 mil, entre outras coisas. Em 2006, criei a lei mudando a data do festival, que era nos dias 28, 29 e 30 de junho, não importando se caísse no meio da semana, para o último fim de semana de junho, podendo entrar no início de julho. Foi uma mudança fundamental. “Em 2006, criei a lei mudando a data do festival, que era nos dias 28, 29 e 30 de junho, não importando se caísse no meio da semana, para o último fim de semana de junho, podendo entrar no início de julho. Foi uma mudança fundamental.”
pms.am – E a questão dos jurados?
Frank Bi Garcia – Mudei a forma de julgamento. Criamos uma Escola de Jurados virtual. O jurado é pesquisado. Investigamos a formação do indicado, para ver se não há diploma falso. Só entra de mestre para cima. Mandei buscar bailarino na Alemanha, outro no México, para julgar. Na parte musical, Arthur Moreira Lima me ajudou muito, sem cobrar nada. Ele me disse: “Levantador de toada é um cantor e você tem que julgar técnicas vocais, interpretação, dicção, extensão…” Isso foi muito importante. O regulamento é revisto a cada cinco anos. O Festival de Parintins cresceu muito e tem disputa de patrocinadores por espaço e até pelo direito de transmissão. Os ingressos são vendidos em tempo recorde, como nos grandes shows internacionais. O prefeito e um juiz de Direito, autorizado pelo corregedor-geral do TJAM, palestram sobre a lisura e responsabilidade do julgamento, para os jurados. O jurado assina um contrato e pode ser multado em até R$ 100 mil, se causar problema no julgamento. “Na parte musical, Arthur Moreira Lima me ajudou muito, sem cobrar nada. Ele me disse: ‘Levantador de toada é um cantor e você tem que julgar técnicas vocais, interpretação, dicção, extensão…’”
pms.am – Como o senhor analisa a questão dos ingressos?
Bi Garcia – É bom esclarecer que quando a empresa responsável por esse serviço ficou descapitalizada, porque não recebeu uma verba grande, que era a maior parte da venda de ingressos, os próprios bois procuraram meu irmão, Valdo Garcia, da Amazon Best, para socorrê-los. Ele entrou na emergência e por decisão única e exclusiva dos bumbás. Não tive nada com isso. E ele moralizou a venda de ingressos, quando aceitou o serviço na primeira vez. “Os próprios bois procuraram meu irmão, Valdo Garcia, da Amazon Best, para socorrê-los. Ele entrou na emergência e por decisão única e exclusiva dos bumbás. Não tive nada com isso.”
pms.am – A venda rapidíssima dos ingressos acabou gerando descontentamentos.
Frank Bi Garcia – O que ocorre, hoje, é muito simples: o Bumbódromo está pequeno para o tamanho do Festival de Parintins. Havia, este ano, uma fila eletrônica de 40 mil pessoas, para 5 mil ingressos que estavam disponíveis. É claro que 35 mil ficaram insatisfeitos e não conseguiram comprar. É matemática de padaria. Isso vai continuar acontecendo até que um governador planeje as coisas com calma, de um ano para o outro, inicie a construção dos pré-moldados, e, no dia seguinte ao fim do Festival, dê a ordem de demolição do Bumbódromo atual. Com um ano de tempo, no Festival seguinte, se inaugura uma nova obra. É bom lembrar, entretanto, que a Arena da Amazônia tem 42 mil lugares apenas, com todo aquele tamanho. O Bumbódromo, que hoje não chega aos 20 mil lugares, terá que alcançar os 30 mil. Sem esquecer que o espaço gratuito das galeras é a alma da festa. “O Bumbódromo está pequeno. Havia, este ano, uma fila eletrônica de 40 mil pessoas, para 5 mil ingressos que estavam disponíveis. É claro que 35 mil ficaram insatisfeitos e não conseguiram comprar. É matemática de padaria.”
pms.am – Qual sua expectativa em relação ao mandato de Mateus Assayag?
Frank Bi Garcia – A melhor possível. Mateus tem uma cabeça muito boa. É técnico e gestor experimentado na coisa pública. Colocou a Câmara Municipal de Parintins, como presidente, com o Selo Diamante do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM). Até hoje é a única do Amazonas a obter essa comenda. Ele conhece bem os políticos do Estado. É engenheiro e foi meu secretário de obras. Quando o indiquei, muitos me disseram que havia cometido um erro porque ele não é político. A campanha mostrou que a escolha foi correta. Em muitos momentos, eu e ele ficamos ombro a ombro, numa frente, enquanto a deputada Mayra partia com a vereadora Vanessa (vice de Mateus) em outra frente. Isso deu muito certo e fortaleceu ainda mais nossa amizade. Parintins espera a manutenção do que fizemos e a continuação do desenvolvimento que nos levará a consolidar ainda mais a posição de primeiro município do interior amazonense. “Mateus Assayag colocou a Câmara Municipal de Parintins, como presidente, com o Selo Diamante do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM). Até hoje é a única do Amazonas a obter essa comenda.”
pms.am – Qual é o futuro de Bi Garcia?
Frank Bi Garcia – O futuro a Deus pertence. Cabe a nós, no entanto, preencher com calma certas lacunas. Sei que o povo parintinense e a região do Baixo e Médio Amazonas, onde fica nossa Ilha Tupinambarana, conhecem muito bem o meu trabalho. Vamos buscar divulgá-lo, em todo Estado, para quem não conhece ou conhece pouco. pms.am – Fala-se em uma candidatura a vice, na chapa do senador Omar Aziz… Frank Bi Garcia – O Omar é meu parceiro político há muitos anos. Ele e o senador Eduardo Braga ajudaram muito a Prefeitura de Parintins. Foi o caso do Festival de 2024, quando o Estado, pela primeira vez, não repassou recursos para a Prefeitura preparar a cidade. Os dois senadores ajudaram e Parintins ficou mais preparada que nunca para o Festival. Quanto a ser candidato na chapa do Omar é outra conversa, que fica para o final de julho de 2026. “Quanto a ser candidato na chapa do Omar é outra conversa, que fica para o final de julho de 2026.”
Fonte: https://www.portalmarcossantos.com.br/2025/01/14/entrevista-bi-garcia/
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