Um levantamento divulgado nesta semana pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Amazonas (Abrasel-AM) mostra que, em janeiro de 2024, 30% dos estabelecimentos amargaram prejuízos, além de uma perda de 34% do lucro em relação ao mesmo período do ano anterior.
A entidade revela que no primeiro mês do ano, o índice de perdas em relação a dezembro subiu dez pontos percentuais, saindo de 20% para 30%. Além disso, 67% dos bares e restaurantes também tiveram um faturamento menor em janeiro do que no mês anterior. Foram ouvidos 91 empresários do setor em todo o estado do Amazonas, entre os dias 19 e 26 de fevereiro.
A pesquisa também corroborou uma estimativa da Abrasel no Amazonas, mostrando que no Carnaval, 85% dos estabelecimentos ficaram de portas abertas durante a folia. Das empresas ouvidas, 43,5% disseram ter tido um aumento no faturamento em relação ao Carnaval do ano passado – esse aumento, em média, foi de 14%. Outros 13% tiveram um desempenho igual ao de 2023 e 38% ficaram abaixo – 5,5% dos estabelecimentos não existiam em 2023.
Reajustes
Outro desafio enfrentado pelo setor é a dificuldade em reajustar os preços dos cardápios. Cerca de 38,8% dos estabelecimentos não conseguiram aumentar os preços nos últimos 12 meses, enquanto 53% realizaram reajustes conforme ou abaixo da inflação.
Apenas 8,2% dos bares e restaurantes têm conseguido aumentar seus preços acima da inflação. Além disso, 43,5% dos estabelecimentos relataram atrasos em seus pagamentos, evidenciando as dificuldades financeiras ainda enfrentadas por parte do setor.
Sem surpresas
Proprietários de restaurantes e bares ouvidos por A CRÍTICA afirmaram que o recuo nas vendas em janeiro se tornou, praticamente, uma “tradição” de início de ano. Eles associam o cenário ao período de férias escolares, ao Carnaval e à busca do consumidor por economizar nesta época.
De acordo com o proprietário da peixaria regional Tambagrill, Rodrigo Leme, o movimento de janeiro já não surpreende. “Todos os anos o aumento de vendas dos últimos meses do ano, precede uma queda brusca nos meses de janeiro e fevereiro. Esse ano não foi diferente. Diminuímos o faturamento cerca de 30% em relação a dezembro, mas gradativamente a normalidade foi retomando”, disse.
Para tentar minimizar os efeitos da redução da clientela, Leme adotou um procedimento diferente em relação a promoções. “Nós investimos na marca, investimos em tráfego pago, fizemos algumas parcerias com TV e rádio e tivemos um bom retorno”, comentou.
Expectativa
Rodrigo explica que o Carnaval não ajudou a alavancar apesar de ser um feriado prolongado no país. “Funcionamos normalmente ao longo do feriado de Carnaval e o movimento foi bem aquém do esperado. Relaciono os resultados com a impressão de que vivemos um momento de instabilidade financeira e política, e boa parte da população fala mais em poupar do que em outros momentos”, explica.
O empresário espera que com a Quaresma – período de quarenta dias, em que os católicos e algumas outras comunidades cristãs se dedicam à penitência em preparação para a Páscoa – iniciada em 14 de fevereiro e prevista para finalizar em 28 de março, os peixes sejam mais consumidos. “A expectativa nessa época do ano é sempre boa entre quem trabalha com a culinária regional. Espero que supere os anos anteriores”, disse.
Leme faz um cálculo médio dos clientes atendidos entre janeiro e março. “Nosso atendimento tem aumentado cerca de 10%, mês a mês, desde janeiro”, finaliza.